segunda-feira, 11 de maio de 2020

As experiências trilham o nosso caminho

Desde que vim para a faculdade que vivo "sozinha", primeiro estive num quarto mas as coisas não resultaram e acabei por me mudar para um T2 em que alugava o outro quarto. Os meus pais pagavam a casa na totalidade e eu basicamente ficava com o que recebia do quarto para fazer face às despesas do mês. Eram 200€ que tinha que utilizar para pagar a minha parte das despesas da casa (e nisso era mão de ferro com os gastos), a comida, livros e materiais para a faculdade, as minhas coisas e as viagens (a casa). 
A universidade também era paga pelos meus pais. 

Tinha ainda o rendimento extra das vendas de coisas em segunda-mão que muitas vezes ajudaram.

Estavamos em plena época de crise e sei que para os meus pais foi um esforço enorme! Eu não pedia nada fora disso e juntava tudo o que o podia. 


Recordo-me perfeitamente a primeira vez que fui às compras, basicamente fui ao minipreço comprar o jantar, um bife já não me lembro se de porco, se de vaca e massa ( o bife ficou a 0.57€) e eu vim feliz e contente porque só tinha gasto 0.57€ no bife!

Desde sempre que fui virada para as poupanças e para o empreendedorismo mas isso não significa que aos 18 anos soubesse quanto era o preço do kg da carne.

Mas viver sozinha ainda sobre as asas dos pais foi uma escola. Se aos 18 anos não sabia, passados uns meses já sabia os preços dos surpermercados de trás para a frente, já sabia das contas para pagar e da importância de as manter baixas, sabia que podia ter cartões (da juventude etc), para poupar nas viagens a casa, sabia gerir a minha conta bancária (era mesmo só minha) e sinceramente pensei que toda a gente fazia este percurso. 
Mas não, estava já no mestrado quando percebi que tinha colegas (bem mais velhos do que eu) que não sabiam o que era o IBAN, que não tinham acesso a uma conta bancária porque os pais lhes davam dinheiro, que não faziam a mínima ideia do que era a vida real e que estavam prestes a entrar no mercado de trabalho. Senti que isso fazia falta nas escolas (bem sei que muita coisa começa em casa), mas a escola serve para universalizar, para tornar as coisas equitativas, por isso sempre fui apoiante da educação financeira nas escolas e assim que tive oportunidade desenhei um programa e coloquei-o em prática. Esses tempos são talvez os que mais me orgulho, foi mesmo pensar em algo, alimentar esse projeto, vê-lo crescer com todos os esforços necessários e apesar de saber estar a fazer o correto e isso ser por si só suficiente, estar com os miudos a trabalhar competências para a vida e perceber o quão valor eles dão em ser ouvidos e em compreender o mundo que foi o mais gratificante..

E agora visto à distância é possivel ver que tudo isto que começou bem sendo foi trilhando o meu caminho...

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